Resenha - Amor Verdadeiro na Livraria dos Corações Solitários (Annie Darling)
- Letícia Marques

- 12 de dez. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 1 de mai. de 2021
Verity fechou os olhos e desejou que o fato de não poder ver Nina e Posy significasse que elas também não poderiam vê-la. Infelizmente, a vida nunca era tão generosa.
- Por favor - ela choramingou. - Eu te peço. Só deixe rolar. Por favor.
Duas pessoas que se conhecem em circunstâncias, no mínimo, constrangedoras e decidem iniciar um namoro falso. Esse é provavelmente um dos maiores clichês dos livros de romance! Por isso, claro, Annie Darling precisava dar seu toque pessoal nesse enredo já tão conhecido. Então, que tal adicionar dois simples detalhes: ela é extremamente introvertida e não lida bem com multidões, ele sofre com um romance proibido por mais de 10 anos e precisa de uma pessoa para acompanhá-lo aos eventos sociais de verão. O que poderia dar errado?
Bem, essa é a premissa de Amor Verdadeiro na Livraria dos Corações Solitários, o segundo livro da série "A Livraria dos Corações Solitários".
Respondendo a pergunta anterior... muita coisa poderia acontecer e resultar em eventos catastróficos, e, de fato, aconteceram, mas muitos momentos felizes também marcaram presença. Antes de qualquer outro detalhamento, que tal conhecermos o casal do momento?
Verity Love, funcionária da Felizes Para Sempre (ex-Bookends) é a irmã do meio das cinco filhas de Dora e Ken Love. A mais tímida e - aqui uso palavras da própria Verity - esquisita das irmãs, todas nomeadas segundo uma virtude, afinal são filhas de um vigário (alerta: esse é provavelmente uma das teclas mais batidas do livro hahaha). Após uma experiência um tanto quanto traumática, Very decidiu que nunca mais faria parte de um relacionamento amoroso, até mesmo porque estava feliz e satisfeita tendo seus momentos de paz e isolamento para desestressar depois de todo o contato humano que o dia de trabalho requer. Além disso, quem precisa de um namorado quando se tem um gato chamado Strumpet que gosta de monopolizar a atenção das pessoas?
Os olhos de Johnny eram de um azul muito definido agora. Como o mar no inverno, tingido de geada e frio. Verity desconfiou de que ele fosse um Darcy. Era muito raro conhecer um Darcy.
Já Johnny True (sim, a sintonia dos nomes não passou despercebida, nem para a leitora que vos escreve, muito menos para as irmãs Love), um arquiteto bem sucedido, sofre por motivo oposto, sua ex-namorada, "o amor de sua vida" - como foi ressaltado por ele diversas vezes -, que esta comprometida... há 10 anos! O grande problema, no entanto, não é exatamente o indisponibilidade, mas o fato de que Marissa (a amada em questão) permanece dando falsas esperanças para Johnny, apenas para aumentar sua autoestima.
- Porque o amor não é certinho e tranquilo. Ele é caótico, sofrido, real.
Durante o livro, acompanhamos a trajetória desses dois personagens tão opostos rumo ao amor, mesmo que ambos só venham a entender isso nas últimas 20 páginas (de um livro de 332), mas isso já era de se esperar, não é mesmo? É interessante ver Verity enfrentar seus medos e superar seus traumas, bem como acompanhar seus discussões com Johnny sobre o que é amor, mesmo que esse não tenha lido Orgulho e Preconceito, o que, na minha humilde opinião, deveria fazê-lo perder um pouco da credibilidade (romantizar uma relação que claramente não é saudável também não conta muitos pontos a seu favor). Johnny merecia um bom PPS - caso não tenha entendido a referência, por favor, leia nossa resenha do primeiro livro da séria, "A Pequena Livraria dos Corações Solitários".
- A Julia estava falando do amor da minha vida. - Ou talvez Verity fosse ficar exatamente onde estava para ouvir a confissão sussurrada de Johnny.
Mas, mesmo assim, a leitura e o desenvolvimento da história são muito fluídos e, com certeza, cativantes. A coletânea de clichês presente no livro também contribui, e muito, para vários momentos memoráveis. Esse, assim como o primeiro livro da série, é uma ótima opção para curar uma ressaca literária, por exemplo.
Ah, não poderia deixar de comentar... Verity é fã de carteirinha da Jane Austen, mais especificamente de Orgulho e Preconceito, de forma que as citações e comparações com os personagens dão um toque todo especial a obra. Sendo assim, caro leitor, é definitivamente um livro para aquecer o coração e reafirmar a existência do amor verdadeiro, afinal não é sempre que encontramos um casal cuja união de sobrenomes resulta em "True Love".













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