Resenha - O Segredo da Livraria de Paris (Lily Graham)
- Letícia Marques

- 28 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de mai. de 2021
Leitura do Mês de Março (2021) do AMAZONAS Clube de Leitura

Não era um conto de fadas, era uma busca, por sua história por seu passado.
O Segredo da Livraria de Paris é uma ficção histórica escrita pela ex-jornalista Lily Graham. Com uma narrativa que viaja entre 1942 e 1962, a história apresenta ao leitor a trajetória da família Dupont (Vincent, Mireille e Valerie) durante e pós-Segunda Guerra Mundial.
O enredo se inicia com a chegada de Valerie à Paris, 20 anos após ser levada por sua Tia Amélie para a Inglaterra. Nossa protagonista, disfarçada sobre a identidade de Isabelle Henry, se candidata a uma vaga de emprego na livraria de seu avô, Vincent, buscando descobrir mais sobre suas origens e as razões que a fizeram ser "abandonada" por seu avô ainda quando criança.
Fomos separados pela Segunda Guerra Mundial quando eu era bem criança. Me levaram para viver com uma parente distante, na Inglaterra. Disseram que era para minha segurança. Não me juntei mais à minha verdadeira família, pelo menos não antes de me tornar adulta.
Os personagens coadjuvantes acabam por ser tornar tão importantes quanto os protagonistas nesse livro. A narrativa, definitivamente, não seria tão envolvente sem Clotilde Joubert (judia e melhor amiga de Mireille), Mattaus Fredericks (capitão/médico do exército nazista) e Freddy Lea-Sparrow (amigo de Valerie).
A obra se destaca, também, por conseguir abordar assuntos complexos por diversas perspectivas e de maneira clara, levantando questionamentos importantes. Um dos grandes pontos da trama, por exemplo, se baseia na visão - nenhum pouco positiva - dos franceses em relação às pessoas que, direta ou indiretamente, se relacionaram com os alemães durante a Ocupação.
Esse tipo de apontamento, assim como outros apresentados ao longo dos capítulos, levam o leitor a compreender que, apesar do que se costuma ser ensinado, durante uma guerra, não existe um lado completamente bom e outro completamente ruim. É preciso acreditar na inevitável dualidade entre bem e mal presente em cada um.
Em resumo, O Segredo da Livraria de Paris apresenta uma leitura fluída e cativante, ao mesmo tempo que trata de temáticas extremamente delicadas e espinhosas. Com pouco mais de 200 páginas e capítulos curtos, a obra se torna dinâmica e atraente, até mesmo para os dias mais corridos (ou para uma maratona de leitura).
Sem dúvidas, um livro que merece ser lido e recomendado.
O que muitos homens não perceberam depois de travarem todas essas guerras é que, no fim, não existem verdadeiros vencedores; existem apenas vítimas, e elas continuam aparecendo muito tempo depois da guerra.





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